terça-feira, 28 de julho de 2015

O Desmame Total



Sempre inicio meus textos falando sobre a importância da amamentação, principalmente se exclusiva até os 6 meses e complementada até 2 anos ou mais como recomendação do ministério da saúde. Afinal, meu empenho e dedicação são para que as pessoas entendam a preciosidade que é o leite materno e para que as mães percebam que são capazes de amamentar seus bebês.
Mas....e o desmame? Assim como o início o início da amamentação é um momento delicado, o desmame também é. Como sempre falo, a amamentação é uma extensão do útero, a mãe se sente conectada ao bebê enquanto amamenta, e transmite a ele não apenas o alimento físico mas o emocional também. Sendo assim, o desmame é um momento conflitante para as mães, divididas entre o prazer de amamentar e o julgamento de parentes e até pediatras que por muitas vezes desaprovam a amamentação até 2 anos ou mais.
Primeiro precisamos esclarecer que a introdução dos alimentos não significa o desmame do bebê, mas sim a complementação da alimentação, que inicia-se aos 6 meses.Então ao iniciar os alimentos complementares, o próprio nome já diz, eles complementam a amamentação e não substituem.
O período de transição entre a amamentação exclusiva e a interrupção do aleitamento materno é denominado de desmame total, indicando a parada total da amamentação.
Como citado anteriormente a amamentação é indicada até 2 anos ou mais e a melhor idade para o desmame total é uma questão polêmica. Cada cultura, estudo e filosofia supõe um momento ideal para o desmame total, entre eles “desmame ao alcançar o triplo do peso de nascimento”, “desmame ao alcançar um terço do peso adulto” entre outros tantos.
O desmame total do ser humano não é apenas instintivo, como nos animais, ou geneticamente determinado. Os aspectos socioculturais e econômicos influenciam de forma intensa e muitas vezes decisiva na duração do aleitamento materno. A mulher tem o poder de decidir se e por quanto tempo vai amamentar.
Uma imensidade de fatores envolvidos no tempo e duração do aleitamento materno mostram que a amamentação deveria ser vista como um processo e não um evento isolado.
O que precisamos entender é que o desmame total faz parte da evolução da mulher como mãee do desenvolvimento do bebê.
Neste sentido, entende-se que a melhor forma de ocorrer o desmame total seria naturalmente, ou seja, o bebê deveria se “autodesmamar”. Assim como andar não acontece da noite para o dia, o bebê passa por processos de maturação como sustentar a cabeça, sentar, assim é o desmame total, o bebê vai ganhando maturidade para desmamar.
O bebê apresenta sinais de que está amadurecendo para o desmame como na idade maior que 1 ano, ter menos interesse nas mamadas, aceita variedade de outros alimentos e é seguro na relação com a mãe.
Quando a mãe decide pelo desmame, ela precisa estar ciente de que poderá ser um processo lento e demandar energia, paciência e compreensão. Sendo assim:
  • De preferência por fazer o desmame sem outras mudanças como de residência, desfralde;
  • Evite se afastar do bebê nesse período, oferecendo suporte e atenção adicionais;
  • Faça o desmame gradual, retirando uma mamada do dia a cada 1 a 2 semanas.

A decisão do tempo de duração do aleitamento materno cabe ao binômio mãe-bebê e a decisão pessoal precisa ser respeitada e acatada.

A amamentação significa alimento, carinho e comunicação, e o desmame é uma fase de aprendizagem mútua para chegar a estas 3 coisas sem o peito”.

   Carlos Beccar Varela (1991)

O Colostro


Durante a gravidez, especificamente após a 20ª semana de gestação, a mama já está pronta para produzir leite, que chamamos de pré-colostro, mas o faz em pequena quantidade, porque a placenta inibe a ação do hormônio responsável pela produção do leite (a prolactina).
Com o parto e a saída da placenta, ocorre um aumento na concentração da prolactina no sangue, induzindo o início da produção do leite (colostro). E então, entre 24 a 48 horas após o parto, as mamas aumentam de tamanho, ficam mais quentes, sensíveis e dolorosas, o que chamamos de Apojadura e logo depois a descida do leite.
O colostro é o primeiro leite produzido pela nutriz. Inicia-se ainda durante a gestação, como descrito acima e permanece até a primeira semana pós-parto. É um fluido amarelado, de pequeno volume, rico em proteínas, minerais, fatores de proteção e contém menos carboidratos e gorduras. O volume secretado varia amplamente de 2 a 20ml por mamada nos primeiros 3 dias, aumentando gradativamente.

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o colostro é a nutrição ideal para os primeiros dias do bebê, permitindo a boa adaptação do recém nascido à vida extra-uterina, ou seja, a sua nova vida fora do útero.
Possui ainda ação laxante, favorecendo a eliminação do mecônio, a primeira evacuação do bebê, prevenindo a icterícia, favorecendo o estabelecimento da flora intestinal e protegendo contra infecções intestinais.
Em estudos recentes observou-se que pequenas quantidades de colostro são capazes de prevenir a queda dos níveis de glicemia em bebês nascidos a termo (no tempo certo) e saudáveis, assim como possui a quantidade necessária de água para hidratar o bebê, mesmo em climas quentes.
Todas as mães e familiares, pessoas próximas que acompanham a mãe nos primeiros dias precisam saber e entender que o colostro é SIM capaz de alimentar o bebê nos primeiros dias, mantendo-o nutrido e hidratado.
Ao nascer, o estômago do bebê é bem pequeno então porque nós mamães deveríamos ter muito leite nos primeiros dias após o parto? Com certeza isso só iria atrapalhar.
o choro e as mamadas frequentes tornam os pais inseguros, achando que seus bebês não estão alimentados, mas chorar e mamar muito são situações muito naturais nos primeiros dias de vida.
É muito importante que a mãe acredite na sua capacidade em amamentar, que tem sim leite suficiente para nutrir o seu bebê. Quanto mais o bebê mamar, mais leite será produzido. 



Cuidados com as mamas durante a amamentação


As mães, principalmente as de primeira viagem , ficam muito ansiosas com a amamentação e após o parto, as mamas são o grande alvo da atenção, afinal são elas que fornecerão o melhor alimento aos bebês por um longo período. Por isso, seus cuidadossão importantíssimos para o sucesso do aleitamento.
Quando as mamas estão muito cheias, em especial no início da amamentação, momento em que aumentam de tamanho, ficam mais quentes, sensíveis e dolorosas (Apojadura), muitas lesões e fissuras mamilares acontecem, pois assim como a mama toda, a região aréolo-mamilar também aumenta de tamanho e se distende, dificultando a pega correta do bebê ao seio.
Os cuidados com as mamas tem como objetivo principal a prevenção e tratamento de lesões e fissuras nos mamilos.

Cuidados durante a amamentação

  • Observe se o bebê faz a pega correta: um dos principais cuidados com a mama e que evitam as fissuras e lesões é a pega correta do bebê ao seio;
  • Antes de amamentar verifique se o mamilo e aréola estão bem flexíveis: caso contrário faça uma breve ordenha, para que a região aréolo-mamilar fique macia e o bebê sugue com mais facilidade. Mamas muito cheias com a aréola distendida dificultam a pega correta e propiciam o aparecimento das fissuras;
  • Após a mamada espalhe leite materno sobre a região aréolo-mamilar: O leite materno auxilia na cicatrização de eventuais fissurase impede o ressecamento da pele. Deixe secar antes de recolocar o sutiã;
  • Se possível exponha os seios ao sol  (até as 10h u após as 16h) por 15 minutos: Os raios do sol ajudam a tornar a pele do mamilo mais resistentes e auxiliam na cicatrização de eventuais fissuras. Caso não tenha sol, pode-se usar uma Lâmpada amarela de 40 a 60W à dois palmos de distância do seio, por 10 a 15 minutos por dia;
  • Utilize pomada a base de Lanolina:  A lanolina é um produto natural obtido a partir da cera de lã, e é indicada para tratar as fissuras porque produz uma fina barreira na pele, impedindo a perda da umidade e acelerando a cicatrização e por serem 100% naturais não precisam ser retiradas antes de casa mamada.
  • A utilização da pomada de Lanolina não é regra para mamilos íntegros;
  • Use sutiã confortável: preferindo de algodão e com boa sustentação;
  • Cuidados com os protetores de seio: Não são contra indicados, mas devem ser usados com cautela, caso estejam muito úmidos precisam ser trocados, caso contrário, deixam a pele dos mamilos úmida favorecendo o aparecimento das lesões.


NÃO é recomendado
  • Não utilizar sutiã de nylon, renda ou lycra;
  • Não utilizar sabões, álcool ou qualquer produto secante nos mamilos.

Lembre-se a amamentação pode ser um momento único e maravilhoso para a mãe e filho. Ao menor sinal de dificuldade procure um profissional capacitado.




Ingurgitamento mamário

O ingurgitamento mamário é caracterizado pelo excesso de leite nas mamas, popularmente  chamado de "leite empedrado" que pode ocorrer em qualquer fase da amamentação embora seja mais comum nos primeiros dias, após o nascimento do bebê.
No ingurgitamento as mamas apresentam-se:
  • Quentes:
  • Pesadas;
  • Endurecidas, edemaciadas, com a pele brilhante;
  • Dolorosas;
  • Aréola tensa;
  • O bico se torna plano;
  • O leite não flui com facilidade;
  • Pode haver febre e calafrios.


Causas:
  • A produção de leite é maior do que a demanda, muito comum no início da amamentação;
  • Pega inadequada. O bebe não consegue extrair o leite adequadamente;
  • O início tardio da primeira mamada;
  • Mamadas com horário controlado e não em livre demanda;
  • Há alteração no ritmo das mamadas;
  • Traumas mamilares;
  • Fatores emocionais;
  • Mae e filhos separados (bebê ou mãe internados).


Diferentemente do ingurgitamento, pode acontecer o que chamamos de mamas cheias, onde as mesmas ficam pesadas, endurecidas e quentes, porém o leite flui com facilidade. Já no ingurgitamento a saída do leite é mais difícil e a mãe pode ter febre e calafrios.
Durante a apojadura é normal que as mamas se apresentem cheias e quentes, mas se a amamentação não estiver bem estabelecida, o bebê não estiver com a pega correta conseguindo extrair todo o leite necessário, as mamas cheias podem se tornar um ingurgitamento e que por sua vez se não tratado, pode levar a consequências piores como a mastite e até o abscesso mamário. Por isso, prevenir é o melhor remédio.

Prevenção e tratamento:
  • Início precoce da amamentação, de preferência na primeira hora de vida;
  • Amamentação em livre demanda;
  • Observar se o bebê faz a pega adequada;
  • Realizar breve ordenha antes de amamentar caso a mama esteja turgida, para facilitar a pega correta;
  • Repouso;
  • Realizar ordenha da mama caso necessário;
  • Uso de sutiã adequado.

O apoio de um profissional capacitado é fundamental para entender e resolver as dificuldades da fase inicial da amamentação.

    

Existe leite anterior e posterior?

leite materno é mais que um alimento, é um substância viva com atividade protetora, proporciona proteção contra infecções e alergias e é um alimento completo capaz de nutrir o bebê exclusivamente até os 6 meses de vida e complementado até os 2 anos ou mais.
A composição do leite materno varia não apenas entre mães, como na mesma mãe entre as mamas, em mamadas diferentes e até mesmo no decurso da mesma mamada.
O leite materno possui 3 fases desde o nascimento do bebê:
- Colostro: do nascimento ao 7º dia.
Leite de transição: entre o 7ºe 14º
Leite maduro: Após a segunda semana de lactação.
O colostro possui maior quantidade de proteínas e menos carboidratos e gordura. Com o passar dos dias o leite passa por modificações se tornando o leite de transição e posteriormente o leite maduro, que acompanhará o bebê durante todo o período de aleitamento materno.
Nestas fases a quantidade de gordura também sofre variação, aumentando a cada dia. No leite maduro as quantidades de gordura permanecem estáveis, porém sofrem alterações em uma mesma mamada.

Durante a mamada o leite materno sofre modificações, com mais água, proteínas e fatores de proteção no início e maior quantidade de gordura e maior valor energético no final.
Não existem 2 tipos de leite, mas sim uma mudança gradual na composição do leite com o decorrer da mamada!
Não existe regra rígida para a amamentação, sinta seu corpo e as necessidades do bebê. Muito se fala em oferecer o seio até se esgotar para então oferecer o outro, o que não deixa de ser uma verdade, mas o mais importante é você perceber o que seu corpo e seu bebê pedem.
Sempre procure oferecer as duas mamas em uma mesma mamada, observe se após um período no seio seu bebê não engole mais leite, tornando a mamada uma “sucção não nutritiva” ou seja, está apenas sugando, e então ofereça o outro seio.
Mas atenção, a pega correta ao seio é fundamental, caso contrário, seu bebê não receberá a quantidade de leite adequado. 

Preciso dar complemento até o leite descer?


Resolvi abordar este tema porque dar complemento até o leite descer é uma das grandes causas do desmame precoce e da confusão de bicos.
A resposta é NÃO!
NÃO é preciso dar complemento até o leite descer e vou explicar por quê.
Claro que toda regra existe exceção, por isso é muito importante ser acompanhado por alguém especializado em amamentação para que cada caso seja analisado individualmente.
Muitas mães se sentem inseguras nos primeiros dias de amamentação, tudo é muito novo, nutrir um ser tão pequeno e dependente deixa as mães ansiosas.
Por isso vou explicar brevemente como ocorre o início da produção do leite e vocês verão que todas temos leite suficiente para cada fase do bebe.
Durante a gravidez, especificamente após a 20ª semana de gestação, a mama já está pronta para produzir leite, que chamamos de pré-colostro, mas o faz em pequena quantidade, porque a placenta inibe a ação do hormônio responsável pela produção do leite (a prolactina).
Com o parto e a saída da placenta, ocorre um aumento na concentração da prolactina no sangue, induzindo o início da produção do leite (colostro). E então, entre 24 a 48 horas após o parto, as mamas aumentam de tamanho, ficam mais quentes, sensíveis e dolorosas, o que chamamos de Apojadura e logo depois a descida do leite.
A mãe deve se manter calma e acreditar na fantástica capacidade adaptativa da mama em produzir o melhor alimento e de forma adequada para cada criança, pois o stress pode  atrasar a descida do leite.
ATENÇÃO: Antes da apojadura as mães produzem o colostro, que é um líquido amarelo, espesso e denso, capaz de nutrir e satisfazer o bebê até a apojadura.
Olha como a natureza é sábia!
Ao nascer, o estômago do bebê é bem pequeno e o colostro é o alimento ideal para que ele se adapte a nova vida, então porque nós mamães deveríamos ter muito leite nos primeiros dias após o parto? Com certeza isso só iria atrapalhar.
O que faz as mães pensarem que não tem leite suficiente?
·         Mamadas frequentes: Nos primeiros dias o bebê precisa ser amamentado frequentemente, isto significa de 10 a 12 vezes por dia, pois o seu estômago é bem pequeno e o leite materno de fácil digestão.
·         O choro do bebê: O choro é a única maneira que o bebê tem de se comunicar e não só de fome o bebê chora. Pode chorar de dor, calor, frio, fralda suja, necessidade de ficar perto da mãe entre tantas outras coisas.
É muito importante que a mãe acredite na sua capacidade em amamentar, que tem sim leite suficiente para nutrir o seu bebê. Quanto mais o bebê mamar, mais leite será produzido. 


Mamilos planos, invertidos e compridos

Os mamilos são uma grande preocupação para as mães na hora de amamentar, embora alguns tipos possam dificultar o início, muitos mitos e falta de informação fazem as mães acreditarem que não serão capazes.
Vale ressaltar que a característica mais importante dos mamilos para a amamentação é a protractilidade, ou seja, o quanto eles se sobressaem quando estimulados.
Os mamilos  são classificados em 4 tipos: Protuso ou normal, plano, comprido e invertido
Protuso ou normal: É o tipo mais comum entre as mulheres.Trata-se do mamilo que se exterioriza pelo menos um centímetro em relação à aréola, sem a necessidade de estímulos.
Plano: Não se sobressai na aréola.
Invertido:Os mamilos verdadeiramente invertidos são aqueles que não são salientes e não se retraem quando a aréola é comprimida. Geralmente  não protraem e não são flexíveis. São raríssimos.
Na maioria dos casos os mamilos  são falsamente invertidos, isto é não são salientes mas não se retraem quando a aréola é comprimida., entretanto, no início da amamentação podem fazer com que o bebê apresente dificuldade para pegar o peito.
Exercícios para a protusão do mamilo  são desaconselhados por não apresentarem resultados.
Alguns mamilos aparentam ser planos ou invertidos antes da gravidez, mas podem protrair até o parto ou ao longo dos primeiros dias de vida do bebê, adquirindo a forma normal.
Comprido: Pode dificultar a amamentação porque o bebê tem a tendência de pega só o bico, podendo levar ao aparecimento de fissuras
Embora os mamilos possam facilitar ou dificultar um pouco o início do aleitamento, não são impedimento para a amamentação. O bebe ao realizar a pega correta deve abocanhar a aréola e não o mamilo.

O bebê mama no peito, e não no bico.
Lembre-se:Faça uma pequena ordenha da aréola antes de amamentar, para que  bico esteja macio, facilitando a pega correta
É muito importante que durante a gestação as mamas possam ser avaliadas por um profissional capacitado a fim de evitar problemas futuros, orientando corretamente a mãe sobre qual será a melhor conduta durante a amamentação.