terça-feira, 19 de maio de 2015

Minha experiência com a amamentação

Sou enfermeira, especializada em neonatologia e trabalhei por 6 anos em UTI Neonatal. Convivi com muitas mães, bebês, e muitas alegrias em relação a amamentação, embora com algumas dificuldades pois bebês prematuros requerem mais atenção e dedicação, tanto dos profissionais como das mães.
Sempre quis amamentar, mesmo antes de ser mãe. Durante a gestação me perguntavam sobre a amamentação e eu dizia com toda convicção do mundo que eu queria muito e iria amamentar.
Minha filha nasceu com 2.550Kg, o que chamamos de PIG (pequena para a idade gestacional) e precisou fazer alguns exames pelo seu baixo peso (graças a Deus todos normais) e um deles era o controle da glicemia capilar (chamamos de Dextro).
Ao recebê-la em meu braços o que eu mais queria era amamentar, porém como acontece com muitos bebês, ela havia apresentado alguns episódios de vômito, pois engolem “sujeiras” do parto, então fui orientada para aguardar um pouco antes de amamentar para ver se ela não vomitava mais.
Finalmente, após a espera chegou o tão esperado momento de amamentar. Como enfermeira neonatal de um Hospital Escola e Hospital Amigo da Criança, onde recebemos treinamentos diversas vezes por ano sobre amamentação, achei que iria tirar de letra a amamentação, logo coloquei-a para mamar e tudo corria bem. Aquele exame Dextro, lembram , deram todos normais. Na alta ganhei ate parabéns pois ela havia perdido apenas 5% do seu peso de nascimento (bebês podem perder até 10%).
Fomos para casa, e como toda mãe apesar de muita alegria, havia também insegurança, medo, ansiedade para que tudo corresse bem.
Nas primeiras noites, minha filha não dormia, vivia no peito e a insegurança começou a bater, será que ela esta bem alimentada¿ Chorei bastante viu¿ E recebi muito apoio do meu marido. E na primeira consulta para a minha alegria, após 9 dias de nascida, Marina havia engordado 500g. Fiquei muito feliz e claro mais confiante, porém o que me incomodava muito é que ela machucava um pouco meu seio, tive fissuras e para quem já passou por isso, sabe o quanto dói, incomoda e causa frustração na mãe. Tentei diversas mudanças, posição, tudo e nada parecia fazer ela parar de me machucar.
Foi quando decidi pedir apoio para uma amiga fonoaudióloga que trabalhava como na UTI, e cuidava apenas de amamentação. Ela foi um anjo na minha vida, ela me atendeu duas vezes e após o seu apoio tudo mudou. Percebi coisas que eu poderia mudar para melhorar, não que as que eu fazia estavam erradas, mas mudanças que melhor se adaptavam à mim e minha filha. E graças a Deus, e a minha colega Mari, ainda amamento minha pequena Marina que fará um ano dia 11/05 e também doei leite materno, para o hospital que trabalhava, por alguns meses.
Com a minha experiência pessoal pude aprender muitas coisas, que nós profissionais da saúde, especialmente especializados em neonatologia, pediatria, ginecologia e tudo que envolve o mundo materno infantil, ao engravidarmos tiramos férias da nossa profissão e esquecemos quase tudo que sabemos. Quando a história acontece na nossa vida e na nossa família, o lado emocional  toma conta e não conseguimos pensar como profissionais. Isso é totalmente natural e sei que acontece com muitas mulheres.
Por isso a ajuda neste momento, além da família, e posso dizer que meu marido e minha mãe foram maravilhosos comigo, a experiência e apoio profissional especializado faz toda a diferença. Nos sentimos frágeis, inseguras, muitas vezes palpites de familiares nos deixam ainda mais confusas, claro que querem ajudar mas nem sempre da certo. E quando temos por perto um profissional que sabe e entende do que faz, nos sentimos mais seguras em acreditar que somos capazes de amamentar.
Pensei muitas vezes em desistir, mas meu amor pela minha filha e minha convicção por todos os benefícios do aleitamento materno, não me deixaram.

E hoje olho para trás e tenho muito orgulho de mim, de amamentar até hoje. Não desista, se informe, leia, busque apoio e com certeza você também se orgulhará da sua história.

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