Sou enfermeira, especializada em
neonatologia e trabalhei por 6 anos em UTI Neonatal. Convivi com muitas mães,
bebês, e muitas alegrias em relação a amamentação, embora com algumas
dificuldades, pois bebês prematuros requerem mais atenção e dedicação, tanto
dos profissionais como das mães.
Sempre quis amamentar, mesmo
antes de ser mãe. Durante a gestação me perguntavam sobre a amamentação e eu
dizia com toda convicção do mundo que eu queria muito e iria amamentar.
Minha filha nasceu com 2.550Kg, o
que chamamos de PIG (pequena para a idade gestacional) e precisou fazer alguns
exames pelo seu baixo peso (graças a Deus todos normais) e um deles era o
controle da glicemia capilar (chamamos de Dextro).
Ao recebê-la em meu braços o que
eu mais queria era amamentar, porém como acontece com muitos bebês, ela havia
apresentado alguns episódios de vômito, pois engolem “sujeiras” do parto, então
fui orientada a aguardar um pouco antes de amamentar, para ver se ela não
vomitava mais.
Finalmente, após a espera chegou
o tão esperado momento de amamentar. Como enfermeira neonatal de um Hospital
Escola e Hospital Amigo da Criança, onde recebemos treinamentos diversas vezes
por ano sobre amamentação, achei que iria tirar de letra a amamentação, logo
coloquei-a para mamar e tudo corria bem. Aquele exame Dextro, lembram? Deram todos
normais. Na alta ganhei até parabéns pois ela havia perdido apenas 5% do seu
peso de nascimento (bebês podem perder até 10%).
Fomos para casa, e como toda mãe apesar
de muita alegria, havia também insegurança, medo, ansiedade para que tudo
corresse bem.
Nas primeiras noites, minha filha
não dormia, vivia no peito e a insegurança começou a bater, será que ela esta
bem alimentada? Chorei bastante viu? E recebi muito apoio do meu marido. E na
primeira consulta para a minha alegria, após 9 dias de nascida, Marina havia
engordado 500g. Fiquei muito feliz e claro mais confiante, porém o que me
incomodava muito é que ela machucava um pouco meu seio, tive fissuras e para
quem já passou por isso, sabe o quanto dói, incomoda e causa frustração na mãe.
Tentei diversas mudanças, posição, tudo e nada parecia fazer ela parar de me
machucar.
Foi quando decidi pedir apoio
para uma amiga fonoaudióloga que trabalhava comigo na UTI, e cuidava apenas de
amamentação. Ela foi um anjo na minha vida, me atendeu duas vezes e após o seu
apoio tudo mudou. Percebi coisas que eu poderia mudar para melhorar, não que as
que eu fazia estavam erradas, mas mudanças que melhor se adaptavam à mim e
minha filha. E graças a Deus, e a minha colega Mari, ainda amamento minha
pequena Marina que fez um ano dia 11/05 e também doei leite materno, para o
hospital que trabalhava, por alguns meses.
Com a minha experiência pessoal
pude aprender muitas coisas, que nós profissionais da saúde, especialmente
especializados em neonatologia, pediatria, ginecologia e tudo que envolve o
mundo materno infantil, ao engravidarmos tiramos férias da nossa profissão e
esquecemos quase tudo que sabemos. Quando a história acontece na nossa vida e
na nossa família, o lado emocional toma
conta e não conseguimos pensar como profissionais. Isso é totalmente natural e
sei que acontece com muitas mulheres.
Por isso a ajuda neste momento,
além da família, e posso dizer que meu marido e minha mãe foram maravilhosos
comigo, a experiência e apoio profissional especializado faz toda a diferença.
Nos sentimos frágeis, inseguras, muitas vezes palpites de familiares nos deixam
ainda mais confusas, claro que querem ajudar mas nem sempre dá certo. E quando
temos por perto um profissional que sabe e entende do que faz, nos sentimos
mais seguras em acreditar que somos capazes de amamentar.
Pensei muitas vezes em desistir,
mas meu amor pela minha filha e minha convicção por todos os benefícios do aleitamento
materno, não me deixaram.
E hoje olho para trás e tenho
muito orgulho de mim, de amamentar até hoje. Não desista, se informe, leia,
busque apoio e com certeza você também se orgulhará da sua história.
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